O PRÉ-TRIBULACIONISMO VERSUS A CRONOLOGIA BÍBLICA
No
último artigo, falamos a respeito da origem do pré-tribulacionismo. Por mais de
1800 anos, nunca ninguém havia dividido a vinda do Senhor Jesus em duas partes:
uma secreta e outra pública. Começaremos agora a estudar a cronologia
escatológica apresentada pela Bíblia, para então constatarmos se, no relato
bíblico, eventos como uma vinda secreta de Cristo e um arrebatamento
pré-tribulacionista se encaixam na narrativa apresentada pelos apóstolos.
A ESCATOLOGIA DE JESUS CRISTO
A
primeira Escritura que analisaremos é Mateus 24:15-33, que relata os eventos escatológicos
narrados na ordem que o Senhor Jesus nos descreve. Leia o texto e acompanhe a
sequencia:
1)
Aparece o Anticristo (Mateus 24:15)
2)
Advertências contra o engano (falsos cristos) e para a fuga durante o período de uma
“grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e
nem haverá jamais” (vv. 16-27).
3)
Após a tribulação, “o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as
estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados” (v. 29)
4)
Nosso Senhor aparece em glória, diante de todos (v. 30).
5)
E ele enviará os seus anjos, com grande clamor de trombeta, os quais reunirão
os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.
A
narrativa escatológica acima não menciona nenhuma volta secreta do Senhor
Jesus. Muito pelo contrário, fala de somente uma única vinda, e esta será
visível a todos. Vemos também que os santos são recolhidos após o aparecimento do
Anticristo e após
o período da Grande Tribulação.
Até
o momento, somente encontramos menção a uma única
vinda de Cristo e um único arrebatamento,
ambos ocorrendo após a tribulação.
A ESCATOLOGIA DOS APÓSTOLOS PAULO E JOÃO
…
num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A
trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. (1
Coríntios 15:52-53 – grifos acrescentados)
Paulo
nos ensina que antes do arrebatamento e glorificação de nossos corpos, os
mortos em Cristo devem ressuscitar primeiro. Ele confirma esta sequencia no
verso abaixo:
Ora,
ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que
ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo,
e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. (1 Ts 4:15-17 – grifos
acrescentados)
Acompanhemos
a sequencia dos eventos descritos acima;
1)
Brada o arcanjo, a trombeta é tocada;
2)
Cristo desce dos céus;
3)
Os mortos em Cristo são ressuscitados;
4)
Os discípulos que estiverem vivos são arrebatados para o encontro com o Senhor
nos ares.
De
acordo com a passagem acima, Cristo volta de maneira nada discreta: com grande
brado e ao som da trombeta. É um evento que será visto por todos. Mais uma vez,
nada se fala a respeito de uma vinda secreta. Em segundo lugar, de acordo com
Paulo, antes que o arrebatamento ocorra, os santos que já morreram em Cristo
precisam ressuscitar primeiro. Este evento, por si só, já situa o arrebatamento
após o término da Grande Tribulação, como João nos esclarece:
E
vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi
as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra
de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal
em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil
anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta
é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão
sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos. (Ap 20:4-6 –
grifos acrescentados)
A
sequencia de João é clara:
1)
Os santos passam pela tribulação (não há nenhuma menção prévia a este capítulo
de um arrebatamento anterior ao eventos registrados no v. 4)
2)
A ressurreição dos santos em Cristo após
a tribulação é chamada de a
primeira ressurreição.
De
acordo com João, haverá somente duas ressurreições: a dos justos e a dos ímpios
(após o Milênio). Se Paulo nos ensina que o arrebatamento ocorrerá somente após a ressurreição dos
justos, e a primeira
ressurreição ocorrerá somente após
a Grande Tribulação, então obrigatoriamente o arrebatamento dos
santos necessita ocorrer após
a Grande Tribulação.
Não
há nas Escrituras nenhuma menção a duas vindas do Senhor (uma secreta e uma
pública) e a um arrebatamento que preceda a tribulação. Ambas as coisas
aparecem na Bíblia como um evento único, após a Tribulação. Na sustentação de
seu postulado, o dispensacionalismo contradiz a cronologia escatológica
claramente exposta no texto bíblico. O pré-tribulacionismo implica em um
arrebatamento anterior à
primeira ressurreição descrita
em Ap. 16 (que se dá após a tribulação), o que contraria a premissa de Paulo de
que “de modo algum precederemos os que dormem”.
Fonte: http://paoevinho.org.
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