Como
vimos na Parte 2
desta série de estudos, a cronologia escatológica bíblica desfavorece
totalmente a visão de um arrebatamento anterior à Grande Tribulação. Tampouco
encontramos nas Escrituras alguma referência a uma vinda secreta de Cristo para
arrebatar os seus antes da tribulação. Não há absolutamente nada na Bíblia que
faça menção a um evento separado e distinto daquele que as Escrituras chamam de
o Dia do Senhor,
que será marcado por brados e trombetas, visível a todos os habitantes do
planeta e que, portanto, de secreto não terá nada.
Uma
das colunas de sustentação do pré-tribulacionismo é o fator surpresa. Certas passagens
dizem que o Senhor virá como um ladrão na noite (Mat. 24:44, Lucas 12:40, 2
Ped. 3:10, Ap. 3:3, Ap. 16:15). Então, de acordo com os pré-tribulacionistas,
Jesus necessita voltar a qualquer momento para que isso se cumpra. Ainda de
acordo com essa lógica, se Cristo voltar após a Grande Tribulação, sua volta
poderá ser calculada e o fator supresa “do ladrão na noite” se anula. Veremos.
A
vinda do Senhor será uma surpresa para o mundo? Claro que sim. E para a Igreja?
Não deveria ser. Em primeiro lugar, veremos que o Senhor Jesus anuncia que
viria como um ladrão na noite após
o aparecimento do Anticristo, às vésperas dos eventos que marcam o
Armagedom:
Porque
são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos
reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele
grande dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho como ladrão.
Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu,
e não se vejam as suas vergonhas. E os congregaram no lugar que em hebreu se
chama Armagedom (Ap 16:14-16)
De
acordo com a Escritura acima, o Senhor virá como um ladrão quando os reinos
deste mundo estiverem congregados para a batalha no Armagedom. Isso
automaticamente situa a volta do Senhor no final da Grande Tribulação. Para os
santos de Deus isso não será nenhuma surpresa. Aqueles que não caírem pela
espada, estarão assistindo estes eventos pela Globo ou pela CNN de joelhos,
esperando pela redenção de seus corpos, que se dará após a ressurreição dos
mortos em Cristo.
Além
disso, Paulo também nos esclarece:
…
o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e
segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de
parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão. Mas vós, irmãos, não
estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa;
porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite,
nem das trevas. Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário,
vigiemos e sejamos sóbrios. (1 Ts 5:1-5)
Portanto,
a advertência de Paulo é no sentido de que vigiemos e sejamos sóbrios para que
o Dia do Senhor não nos
apanhe de surpresa. O Dia do Senhor virá como um ladrão para o
mundo e para os religiosos que não estiverem preparados para sua
volta. Mal 4:5 diz que este Dia será grande e terrível. Para a Igreja?
Não, para o mundo. Do mesmo modo, o Dia do Senhor será uma surpresa para o
mundo, mas não para a Igreja. O próprio Mestre nos ensina que o Dia do
Senhor será como o dilúvio nos dias de Noé (Mat 24:37-39). O mundo no tempo de
Noé foi pego de surpresa diante do dilúvio, mas Noé e sua família sabiam o que
ia acontecer, e estavam preparados.
A
primeira vinda do Senhor Jesus foi precedida por sinais e por profecia. Mas
apesar de o evento não ter sido um segredo, a maior parte da nação estava
adormecida espiritualmente e não percebeu o que estava acontecendo, somente
Simeão e um grupo de pastores no campo (Lucas 2:8-18; 25-35). Por isso, o
Senhor Jesus criticou sua geração por não reconhecer os tempos em que viviam
(Mat 16:3). Em outras palavras, na primeira vinda do Senhor, havia profecia e
sinais aos quais Deus esperava que seu povo estivesse atento. Do mesmo modo, o
Senhor nos ensina que sua segunda vinda será precedida por sinais, e nos
instruiu a observá-los:
Aprendei,
pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas
brotam, sabeis que está próximo o verão. (Mateus 24:32)
Antes
da volta do Senhor, o mundo geopolítico terá que obrigatoriamente passar por
mudanças. Do mesmo modo, a nação de Israel e a Igreja mudarão rumo à
restauração de todas as coisas (Atos 3:21). Essas mudanças indicarão (e já indicam)
que o Dia do Senhor se aproxima. Será como a chuva: ninguém sabe dizer a hora
exata em que cairá sobre a terra, mas as nuvens e os ventos são claros
indicadores de que uma tempestade se forma.
Malaquias
4:5 é uma profecia de duplo cumprimento. O Senhor faz referência a esta
passagem para ensinar-nos que Elias (na pessoa de João Batista) já veio uma
vez, e que viria novamente no futuro para restaurar todas as coisas (Mat.
17:10-11). Portanto, assim como João Batista anunciou a primeira vinda - no
espírito e no poder de Elias (Luc. 1:17) – uma companhia profética será
levantada, no espírito e no poder de Elias, antes do Grande e Terrível Dia (Mal
4:5), para preparar os caminhos do Senhor e alertar a Igreja, Israel e o mundo
a respeito de sua volta. Resta-nos apenas saber quem ouvirá e crerá em sua
mensagem.
Este
é o padrão de Deus ao longo de toda a narrativa bíblica. O Senhor nada faz em
segredo. Diz a Escritura que Deus não
fará coisa alguma sem antes revelar seu propósito aos seus servos,
os profetas (Amós 3:7). Igualmente, também é um padrão bíblico que a mensagem
profética seja aceita entre muitos pecadores, mas ignorada e até mesmo
ridicularizada pelos religiosos. O espírito da profecia é o testemunho de
Cristo (Ap. 19:10). Uma Igreja profética no final dos tempos não será pega de
surpresa pelo “ladrão”. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo dos ímpios e
dos religiosos que não estiverem atentos aos sinais que precederão sua vinda.
Conclusão
O
dogma do “segredo total” da vinda de Cristo é um mito e não representa o padrão
daquilo que Deus fez no tempo e na história. Ao mesmo tempo em que Jesus disse
aos seus discípulos que somente o Pai sabia do dia de sua volta (Mat. 24:36),
também disse que quando este momento chegasse haveria sinais que precederiam
sua vinda. Portanto, até que estes sinais comecem a se cumprir, ninguém de fato
saberá. Mas uma vez que estes sinais comecem a se cumprir, então deveremos
estar atentos.
O
maior desafio da Igreja, na era da comunicação, não será identificar estes
sinais, porque estarão diante de nossos olhos. O problema maior será crer que
estes sinais se tratam daqueles que de antemão foram profetizados pelas
Escrituras. Nosso maior inimigo no final dos tempos não será a ignorância e sim
a incredulidade.
Que
Deus nos ajude. Maranata.
Fonte: www.paoevinho.org
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