Autor: Carl Teichrib, Forcing Change, Edição 3,
Volume 1.
Existe uma "religião independente"
específica que está literalmente procurando criar uma nova civilização mundial,
tanto espiritual quanto politicamente. Pode-se até dizer que criar o governo
mundial é sua incumbência espiritual. Para o observador casual, esta audaciosa
afirmação pode parecer absurda. Afinal, essa religião em particular não é
grande em termos numéricos.
Ela também não se esforça para se apresentar para o
conhecimento do público, especialmente quando a comparamos com a influência que
o Catolicismo Romano exerce na política internacional, com a enorme atenção que
o Islã recebe na imprensa mundial, ou com o papel observado do cristianismo
evangélico nas questões internas nos EUA. Na verdade, para todos os propósitos,
essa religião permanece em grande parte desconhecida da população em geral.
Todavia, por mais desconhecida que essa religião
possa ser para o cidadão mediano, seu envolvimento nos assuntos da governança
global é inegável, com um histórico que pode ser rastreado até o nascimento da
Organização das Nações Unidas. Mesmo assim, os comentaristas políticos e
pesquisadores rotineiramente negligenciam essa organização religiosa. Na
verdade, se não fosse pela minha participação em um determinado evento da ONU,
eu também ignoraria completamente esse ator internacional.
No verão do ano 2000, tive a oportunidade de
participar do Fórum do Milênio da ONU. Foi durante aquele evento que reconheci
a importância dessa entidade política e espiritual e a única razão por que
observei foi devido à sua atividade visível durante a conferência.
A princípio, achei bastante estranho que um grupo
religioso relativamente pequeno estivesse tão envolvido em um evento daquela
importância. Eu podia entender que os Fransciscanos Internacionais, uma
organização ligada à Igreja Católica, ocupasse algumas posições-chave,
incluindo ter um de seus membros no cargo de secretário-executivo. Afinal,
independente que você possa pensar sobre o catolicismo romano, não se pode
negar a influência que essa poderosa instituição exerce nas questões
internacionais. Mas, e a Fé Bahá'í?
Comecei a compreender o significado da religião
Bahá'í como uma líder no avanço global quando Techeste Ahderom, o principal
representante da Comunidade Internacional Bahá'í junto à ONU, fez seu discurso
de abertura como co-presidente do Fórum do Milênio. É verdade que no passado eu
já tinha visto os bahá'ís em eventos dos Federalistas Mundiais e em vários
encontros interfé, mas nessas ocasiões, os representantes da Fé Bahá'í eram
apenas parte do barulho no segundo plano — como tantos outros participantes.
Mas, com Ahderom na chefia do Fórum do Milênio da ONU, e com o suporte
administrativo direto do Comitê Executivo do Fórum, fui forçado a fazer uma
simples, porém importante pergunta: por que os bahá'ís?
O
Contexto Global Bahá’í
Em comparação com as outras religiões, a Fé Bahá’í
é relativamente nova, emanando dos ensinos de seu fundador, Bahá’u’lláh, que
viveu de 1817 a 1892. Com sua origem no Irã, a matriz da Fé Bahá’í era principalmente
islâmica [1] e a maior parte de seus primeiros apoiadores veio de comunidades
muçulmanas, com uma pequena mistura e envolvimento de cristãos, judeus e
zoroastristas.
Como as fés monoteístas, os bahá'ís acreditam que
"Deus é um". Entretanto, a fé Bahá'í afirma que Deus "manifesta
Sua vontade para a humanidade" por meio de uma série de mensageiros.
Assim, "os bahá'ís acreditam que Abraão, Moisés, Zoroastro, Buda, Krishna,
Jesus e Maomé são todos mensageiros igualmente autênticos de um Deus."
[2]. Além disso, cada uma dessas figuras religiosas e suas várias mensagens são
vistas como caminhos legítimos para a salvação e são parte de um plano maior
para o progresso da civilização.
Essa ideia de impelir a sociedade é uma parte
integral da fé Bahá'í. De acordo com a página oficial na Internet, o tema
central da fé Bahá'í é que "o gênero humano é um só e chegou o tempo para
sua unificação em uma sociedade global" [3]. Essa mensagem de unificação é
claramente declarada em todos os escritos bahá'ís.
Um desses textos, Bahá’í Teachings For The New
World Order (Ensinos Bahá'ís para a Nova Ordem Mundial), publicado pela
Assembleia Espiritual Bahá´í dos EUA, lista alguns de seus princípios
fundamentais:
·
"A
unidade da humanidade".
·
"Paz
universal mantida por um governo mundial."
·
"A
fundação comum de todas as religiões."
·
"Educação
universal compulsória."
·
"Uma
solução espiritual para os problemas econômicos."
John Ferraby, autor da referência bahá’í All
Things Made New (Todas as Coisas se Fazem Novas), se arrisca a fazer
algumas afirmações igualmente significativas:
"A unidade que existe entre os bahá'ís se
assemelha, mas é mais forte do que as dos cristãos e muçulmanos primitivos,
pois os elementos unidos são mais diversos. Vivemos em uma época sem igual,
quando pela primeira vez na história, a humanidade pode ser reconhecida como
uma só. Segundo Bahá'u'lláh, o Plano Divino da Criação requer que o processo de
unificação culmine neste estágio da história humana; tudo o que passou antes serviu
para nos trazer para a época presente, em que a unidade da humanidade deve ser
alcançada na unidade mundial... Entramos em uma nova era, em que a unificação
da humanidade pode ser adequadamente organizada somente por um Estado
mundial... Deus liberou, por meio de Bahá'u'lláh as forças necessárias para
unir a humanidade... Portanto, o espírito de unidade liberado por Bahá'u'lláh é
mais intenso do que qualquer liberação feita em épocas passadas. Os primeiros
frutos são visíveis na Comunidade Bahá'í hoje, amanhã seu poder espiritual
dominará a humanidade." [4].
Isto explica por que os representantes bahá'ís
estão há várias décadas tão envolvidos dentro da comunidade global: a criação
de um governo global é uma incumbência espiritual que eles têm.
Obviamente, a Comunidade Bahá'í participa de
iniciativas para a mudança global muito antes de eu ter testemunhado isto
durante o Fórum do Milênio da ONU. Considere as seguintes informações
resumidas, fornecidas pela CIB:
"A Comunidade Internacional Bahá'í tem um longo
histórico de envolvimento com as organizações internacionais. Na sede da Liga
das Nações, em Genebra, um Escritório Internacional da Fé Bahá'í, criado em
1926, serviu como base para os bahá'ís participarem nas atividades da Liga. Em
1945, quando a Carta de Constituição da ONU foi assinada em San Francisco, os
representantes bahá'ís estavam presentes. Em 1948, a Comunidade Internacional
Bahá'í foi registrada junto à ONU como uma organização não governamental (ONG)
internacional e em 1970 recebeu status consultivo (chamado agora de
status consultivo 'especial') junto ao Conselho Econômico e Social da ONU
(ECOSOC). O status consultivo junto ao UNICEF (Fundo das Nações Unidas
para as Crianças) foi concedido em 1976, e o status consultivo junto ao
Fundo de Desenvolvimento para as Mulheres (UNIFEM) foi concedido em 1989. Ao
longo dos anos, a Comunidade trabalhou de perto com o Programa de Meio Ambiente
da ONU (UNEP), com o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos,
com a UNESCO (Organização Cultural, Científica e Educacional da ONU) e com o
Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP)." [5].
Durante os últimos anos, a CIB participou do
Encontro de Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável, do Encontro de
Cúpula Pela Paz Mundial no Milênio, da Conferência Mundial da ONU Contra o
Racismo, da Sessão Especial da ONU Sobre as Crianças, do Encontro de Cúpula
Mundial Sobre a Sociedade de Informação, e de muitos outros eventos
internacionais. Além disso, em Turim, na Itália, na sede da Organização Mundial
do Trabalho, um relacionamento especial foi desenvolvido entre a OIT e o Foro
Empresarial dos Bahá'ís Europeus (EBBF). O propósito: "aplicar princípios
espirituais para solucionar os problemas econômicos".
Esse aspecto europeu é importante, dando não
somente uma estrutura global, mas também regional para a transformação social.
Depois disso, a Comissão Europeia fez parceria com o EBBF e, em 2002, Giuseppe
Robiati, um membro do EBBF, foi agraciado com o título de professor titular da
cadeira de Nova Ordem Mundial, na Universidade de Bari, na Itália. Além disso,
o Parlamento Europeu "sediou uma exposição especial para destacar a
contribuição feita pelas comunidades bahá'ís europeias na promoção da harmonia
social." [6].
Entretanto, é no Oriente Médio e, particularmente
em Israel, que a religião Bahá'í está especialmente focada.
A Sede
Mundial
No Monte Carmelo, em Haifa, o local onde o profeta
Elias teve seu confronto com os profetas de Baal (1 Reis 18), uma sucessão de
jardins nivelados, cada um com 19 degraus, forma um terreno de aproximadamente
mil metros na lateral norte do monte. No centro desse cenário deslumbrante
situa-se o Santuário do Báb — a estrutura de um mausoléu com domo dourado que
contém os restos mortais do Báb, o precursor espiritual de Bahá'u'lláh.
Aparentemente, um ano antes de morrer, Bahá'u'lláh
viajou até o Monte Carmelo, onde "designou o local para ser a sede mundial
da sua fé". [7]. Assim, desde meados dos anos 1950s, Haifa tornou-se o
local central para a obra de unificação global dos bahá'ís.
O Monte Carmelo abriga atualmente diversas enormes
estruturas administrativas bahá'ís, incluindo o edifício dos Arquivos
Internacionais e o Centro Internacional de Ensino. Também no local está o
Centro para o Estudo dos Textos, uma instalação para a guarda e conservação dos
documentos sagrados e que atua como uma instituição de estudo para eruditos e
acadêmicos. Todos esses estabelecimentos funcionam em conjunto com a Casa
Universal de Justiça, a "instituição suprema" e o corpo governante da
comunidade bahá'í. Entretanto, a Casa de Justiça e as outras instituições de
suporte estão preocupadas com muito mais do que apenas a Fé Bahá'í.
Em um artigo publicado em One Country, a
publicação oficial da Comunidade Internacional Bahá'í, Douglas Samimi-Moore,
diretor do Escritório de Informações Públicas da organização, explicou o
significado mais profundo que está por trás do complexo no Monte Carmelo:
"Nossas escrituras dizem que a construção de
instalações para abrigar essas instituições coincidirá com vários outros
processos no mundo. Um desses processos é o amadurecimento das instituições
locais e nacionais da fé Bahá'í. Outro é o estabelecimento de processos que
levarão à paz política para a humanidade..." [8].
Enfatizando essa unificação global da política e da
religião, Samimi-Moore declarou novamente esse tema central acrescentando que
"os bahá'is construíram essas estruturas por uma motivação espiritual...
Eles acreditam que essas novas estruturas contribuirão para a unificação do
planeta." [9].
O objetivo jurado da fé Bahá'í, a incumbência
espiritual de criar o governo mundial, demonstra amplamente a razão por que
essa religião pouco conhecida está tão interessada em se entrincheirar dentro
da comunidade internacional. As implicações são extraordinárias. Pense no
seguinte: uma sede internacional em um complexo deslumbrante de edifícios —
incluindo uma Casa Internacional de Justiça — localizada no Monte Carmelo, tudo
com vínculos especiais na Organização das Nações Unidas, e uma agenda interfé
firmemente estabelecida centrada na unificação global. Entretanto, há uma parte
final neste quadro.
John Ferraby, que serviu como secretário da
Assembleia Espiritual Bahá'í dos EUA fornece uma forte razão para o intenso
desejo de sua fé ver o governo mundial e o sistema religioso mundial
frutificarem. Isto é imperativo para a visão bahá'í da ordem internacional:
"... antes do aparecimento do próximo manifestante de Deus, sua Nova Ordem
Mundial será formada." [10].
Esta é a versão bahá'í para o ditado:
"Construa o ninho e o filhote virá."
Fonte: www.espada.eti.br
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