A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS
NO EGITO JÁ COMEÇOU
Nos
arredores do Cairo ocorreram choques sangrentos entre muçulmanos e cristãos
coptas, em consequência dos quais morreram cinco pessoas. Na opinião dos
especialistas pode se tratar do primeiro ato de uma guerra religiosa de grande
envergadura.
A
atmosfera no país, que sofre as conseqüências da Primavera Árabe, está tão
tensa que bastam fósforos para que tudo novamente se incendeie. Esta atmosfera
tensa surgiu em virtude da posição irreconciliável do movimento Irmandade
Muçulmana.
Aliás, as perseguições aos coptas egípcios começaram muito antes da Primavera Árabe, na época de Sadat. Nos anos 90 elas deixaram de ser encaradas como algo nunca visto. Por isso a ligação das perseguições com a Primavera Árabe não é totalmente correta. A opinião do colaborador científico sênior do Centro de Pesquisas árabes do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciência da Rússia, Boris Dolgov:
Aliás, as perseguições aos coptas egípcios começaram muito antes da Primavera Árabe, na época de Sadat. Nos anos 90 elas deixaram de ser encaradas como algo nunca visto. Por isso a ligação das perseguições com a Primavera Árabe não é totalmente correta. A opinião do colaborador científico sênior do Centro de Pesquisas árabes do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciência da Rússia, Boris Dolgov:
“Eu
não considero que a explosão de violência contra os cristãos foi programada
pela Primavera Árabe. Eu lembro que a Primavera Árabe começou com lemas de
combate a regimes ditatoriais corruptos, por uma organização estatal
verdadeiramente democrática. No inicio da Primavera Árabe não havia
quaisquer lemas religiosos. As forças islâmicas aderiram posteriormente. As
forças que provocam os choques são correntes islâmicas radicais. Isto não é
dirigido pelas autoridades, representadas por islamitas moderados. O que ocorre
no Oriente Médio não pode ser chamado de guerra religiosa”.
As
autoridades oficiais egípcias negam categoricamente sua parcialidade religiosa.
É possível que elas realmente não queiram a escalada da tensão entre religiões.
Mas a lógica da história leva-as justamente para esse caminho. A propósito, o
especialista do Instituto Russo de Pesquisas estratégicas, Aidar Kurtov supõe
que por enquanto não há motivo especial para pânico.
“Eu
penso que os revolucionários árabes não lutam contra o cristianismo. Mas este é
um efeito colateral. Ele está relacionado com o fato de que no Egito os “Irmãos
muçulmanos” não podem cumprir as promessas que lhes permitiram estar no topo do
Olimpo político. Promessas do plano sócio-econômico antes de mais nada. Quando
a incapacidade de reforçar as palavras com ações torna-se evidente para as
amplas massas, começam então as buscas do inimigo interno. E para este papel
servem bem pessoas que professam outras religiões. Isto explica bem a causa do
que acontece hoje no Egito”.
Em
outras palavras, o que ocorre no Egito é determinado em maior grau pela
política do que pela religião. Mas qualquer política em certa etapa recorre a
símbolos sagrados. Sobretudo se em sua base está a agressão. A Irmandade
Muçulmana luta pelo poder. Esta guerra cedo ou tarde deverá ser declarada
santa. Caso contrário eles não se manterão no “cume da montanha”.
Algo
semelhante ocorre praticamente em todos os países por onde passou a Primavera
Árabe. E neste sentido pode-se admitir que pelo menos uma das correias de
transmissão de todos os acontecimentos foi a religião. Aidar Kurtov considera:
“Rigorosamente
falando, os acontecimentos no Egito, Líbia, Tunísia, Síria, Kuwait e Iêmen são
muito diferentes uns dos outros. E em uma série de casos há sinais de que se
trata de conflito, que lembra guerras religiosas. Mas isto não se refere ao
Egito, Tunísia e Líbia. Mas na Síria realmente os choques têm um fundo
claramente expresso. Os sunitas tentam derrubar os políticos ligados aos
alauitas, próximos ao ramo xiita do islã. Isto se manifesta também na
consolidação das forças da oposição e no fornecimento de dinheiro e armas à
oposição, de parte dos regimes conservadores sunitas do Golfo Pérsico. Mas não
vale a pena generalizar. No total não se pode falar de guerras religiosas no
Oriente Médio.”
É
possível que o problema consista ainda no fato de que a opinião pública do
Ocidente considera anacronismo o termo “guerra religiosa”. Em nossa época é
hábito considerar que na guerra não há lugar para o fator religioso. Entretanto
apenas uma parte pensa assim. A outra, sem qualquer constrangimento fala de
jihad como reação natural aos novos “cruzados”, que se levantam contra os
“filhos do profeta”. Parece que os problemas dos coptas no Egito são
conseqüência do conflito secular de dois paradigmas filosóficos, que em tempos
de instabilidade geral vêm à superfície.
Fonte:
Voz da Rússia
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJesus provavemente virá no final de ano 2016.
ResponderExcluir